domingo, 22 de setembro de 2013

A questão sobre o tempo

tic tac
Acho que todo mundo já ouviu alguns conselhos sobre tempo. “Não podemos desperdiçar tempo, a vida é curta”, “você é jovem, ainda tem muito tempo para descobrir as coisas... aproveite!!!”, ou “só o tempo dirá”.

Falta senso comum no que se refere ao tempo. Talvez dessa confusão toda que teve origem a história da relatividade do tempo. O tempo passa mais depressa quando estamos de férias, fazendo algo que gostamos muito, e mais devagar quando estamos na fila do banco, ou quando estamos fazendo algo não muito agradável.

O tempo como problema (envelhecer, perder oportunidades, a saudade, esquecer)... o tempo como solução (amadurecer, abrir novas possibilidades, esquecer).

A questão do tempo... é bom. É ruim. Na verdade, é apenas tempo. E o é pra se fazer o que quiser com ele. Tempo pra viajar, tempo pra pensar, tempo pra sentir falta, tempo para matar a saudade, pra correr atrás, pra deixar pra lá, pra se revoltar, pra se acomodar, pra rir, pra chorar, pra se enfurecer, pra dançar, pra ver, pra fazer.

Que coisa louca o tempo. Tanto é, que com todo o sentido que faz, às vezes faz sentido nenhum. O sentido que faz, na verdade, se é que faz, nós que inventamos.

domingo, 30 de junho de 2013

Tédio

Desperdiçamos tempo pensando em outras maneiras de perder mais tempo












“Afinal, qual o propósito da vida?”  Vez ou outra surpreendia-se fazendo-se a mesma pergunta. “Talvez essa seja só mais uma daquelas questões filosóficas que não tem uma resposta certa, e que, por esse motivo, tem a pretensão de ser eterna.”  Se divertia frequentemente com conclusões nada conclusivas como esta. “De uma coisa eu sei. Não faz parte desse ‘propósito’ limitar-se a uma rotina de oito horas de trabalho, cujo fim e início são marcados, muitas vezes, por uma boa fatia de tempo sendo desperdiçada num ambiente tão sem sentido quanto o infernal trânsito urbano, no qual dispõe-se em grande parte a somente pensar naquelas oito horas... acho que não faz parte do ‘propósito’ chegar em casa tão cansado que a única coisa para que se tem disposição é se largar no sofá, esticar o braço para alcançar o controle remoto e assistir um programa qualquer de televisão, enquanto se degusta a comida preparada no final de semana com a intenção de durar quase a semana inteira...” Começava a sentir alfinetadas de tristeza e frustração. “Degustar?! Como se fosse possível degustar cocô.” Se divertia com o triste fato de se sentir sem tempo e sem empenho de preparar algum prato novo a cada dia. “CACETE!!!” De repente se assustou com o barulho provocado pelas buzinas dos carros que se enfileiravam atrás do seu, percebendo então que estava atrasado para o trabalho, onde se matava para encher os próprios bolsos, e muito mais o de alguém, sabe-se lá quem.

sábado, 29 de junho de 2013

Sementes


Acho interessante a capacidade do ser humano de divagar sobre um pensamento tão pequeno que sobra espaço para outros mais em um milésimo de segundo, atribuindo-lhe volume, forma e força, a ponto de parecer que mal caberia em uma vida inteira.

À medida que uma ideia é alvo de reflexões prolongadas, inevitavelmente ela gera reações, as quais não são necessariamente postas ao plano físico. Pode gerar uma infinidade de outras ideias, pode fazer o coração bater mais forte ou mais fraco, trazer alegria, alívio, desespero, impulsividade, paz, angústia, alento, pode resultar em movimento, em palavra, em um filme, uma invenção milionária, e por aí vai.

A mente é estrada, cujo horizonte vai longe... talvez a mente seja o próprio horizonte, cujo propósito maior é não ver limites em si.